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quinta-feira, 3 de maio de 2012

Roupa suja

E se nos despíssemos?
Andássemos nús por aí
Como nossos antepassados longínquos
Se a máscara viesse a cair.

Não é que eu seja um pervertido
Apenas fico encucado, com tamanho poder adquirido
Por certas coisas como a moda...
Como pode um pedaço de pano nos por pra dentro ou pra fora?
Como pode dizer se somos bons ou ruins?
Desde quando não há valor algum em Ser Humano?

A verdade é que se nos despíssemos
Nada, ainda, estaria revelado
Além doutra roupa obscura
Toda ela feita de carne
E com poderes de uma bruxa.
Quem nunca foi enfeitiçado por uma dessas?  

Pense um pouco, pra que finos trajes?
Se nem são tão confortáveis como ter os membros ao vento
Se o nosso grande desejo tem sido arrancá-los
Pra descobrir com demasiada satisfação
Uma outra roupa... outra máscara.

Proponho então que nos dispamos
Quem sabe sem nossas roupas de pano
Voltemos a descobrir
O que temos de mais encantador.
Nos dispamos de mentiras como a moda.

A profundeza de cada Ser Humano
No interior duma roupa de carne  
Revela a sua maior beleza
Talvez sua única verdade
Revela as límpidas razões para desejá-lo...
Mas insistimos em permanecer na superfície.

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